sexta-feira, 22 de maio de 2009

αиנσѕ є ∂ємôиισѕ


Para quem não leu o livro. É assim que este filme pode ser classificado, pois aqueles que o leram com certeza sentiram falta de toda a delicadeza dos personagens, emoções e até mesmo da tensão sexual entre Robert e Vittoria que as páginas escritas por Dan Brown nos proporcionaram. Contudo, como o filme é uma adaptação, ele não tem a mínima obrigação de seguir à risca o livro, portanto, vou tentar - caso eu não consiga, não se surpreenda - escrever a resenha do ponto de vista de alguém que não leu o livro, deixando as comparações somente para o final.
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ANJOS E DEMÔNIOS
Diretor: Ron Howard
Produtores: Columbia Pic./Imagine Ent./Sony Pic.
Distribuidora: Sony Pictures
Ano: 2009
Gênero: Drama
Quando Langdon descobre evidências do ressurgimento de uma irmandade secreta milenar conhecida como Illuminati, a mais poderosa organização secreta da história, ele enfrenta ainda uma ameaça fatal à existência do inimigo mais desprezado pela organização secreta: a Igreja Católica. Unindo forças com Vittoria Vetra, uma bela e misteriosa cientista italiana, Langdon embarcando numa caçada sem trégua e repleta de ação através de criptas fechadas, catacumbas perigosas, catedrais vazias e indo até ao coração do mais secreto túmulo do planeta, Langdon e Vetra percorrerão uma trilha de 400 anos de existência e símbolos milenares.
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COMENTÁRIOS
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Ron Howard volta em Anjos e Demônios para dirigir uma adaptação do sempre polêmico Dan Brown. Neste filme, percebe-se que ele está mais bem capacitado a conduzir a história do jeito que ela merece. Em comparação ao O Código da Vinci, a câmera está mais ágil, flexível e capta melhor os belíssimos interiores da Praça e Basílica de São Pedro e da Capela Sistina, além das paisagens abertas e cenas aéreas. Entretanto, por ser muito clara e focada, a fotografia não dá o tom de ameaça iminente que se faz presente em cada fala dos personagens.
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Os personagens são apresentados bruscamente para o público, o que faz com que nós não nos importemos muito com a maioria deles. Alguns exemplos são Robert, Vittoria e Olivetti que tiveram toda a sutileza, independência e rigidez, respectivamente, excluídos de seus personagens. Tudo bem que talvez não houvesse tempo para nos detalhar sobre como cada um deles é em seu íntimo, mas que os personagens ficaram vazios nesse filme, ah, ficaram... Duas exceções ocorrem, porém: o camerlengo - como eu amo essa palavra, sapoksapoksa. - Patrick (que no livro se chama Carlo e teve a infelicidade de ter seu nome trocado) e o capitão Rocher, ambos perfeitamente encaixados em seus personagens.
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Apesar de parecer que Hans Zimmer simplesmente adaptou a trilha principal de Código para Anjos e Demônios, ela tem um je ne se qua mais agressivo, explosivo e desesperador. E do segundo ato em diante podemos escutar toda a maestria de Hans, principalmente na cena em que - por algum motivo que eu não vou falar para não estragar a surpresa de quem não leu o livro - todos os personagens olham para o céu e vêem um show magnífico de luz e cores. Essa cena sozinha vale por todo o filme e, agora, uma semana depois de ter visto o longa, ainda me arrepio de lembrar da perfeição do ato.
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O filme tinha tudo para ser o melhor do ano (sim, inclusive melhor que Harry Potter 6 no aspecto história/roteiro.), mas, por algum motivo, temos a impressão de que algo está faltando. Algumas cenas desnecessárias e arrastadas ao extremo foram colocadas no filme aparentemente por vontade ou conveniência do roteirista, enquanto que outras cenas realmente importantes e apreensivas foram reduzidas a meros diálogos rápidos e cortes bruscos. Ainda assim, a trilha de Hans consegue disfarçar esse vazio muito bem.
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Outro fato que deixa o filme incompleto é a falta de informação para quem não leu o livro. Para aqueles que o fizeram, tudo ali faz completo sentido, porém temos o outro lado do público e parece que Akiva Godsman não estava nem um pouco interessado nele. As motivações dos personagens e explicações sobre os Illuminati foram condensadas em poucas linhas e o público não leitor teve simplesmente que aceitar.
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A cronologia dos eventos foi mudada, porém fez pouca diferença analisando a película como um todo. Alguns fatos no filme conseguiram - incrivelmente - superar o livro, tais como [pequeno spoiler] Robert ter recebido de presente os arquivos pelos quais tanto requisitou ao invés dos ferros de marcar, no livro [fim do minúsculo spoiler, tem certeza de que não quer ler?]. Outro que merece destaque foi com certeza o desfecho do camerlengo, que foi tido como herói pelos fiéis, uma clara alusão - e não quero dizer aqui que é verdadeira ou não - de que a Igreja prefere que seus seguidores sejam iludidos pela fé a terem a verdade jogada em suas caras. Falando no diabo na Igreja - ok, não pude resistir - a maioria daquilo que poderia ofendê-la foi retirado do filme por algum motivo desconhecido, talvez o Vaticano até leve seus fiéis para uma sessão pública um dia.
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Enfim, vou parar de comparar o filme ao livro, pois como disse lá em cima, são duas obras completamente diferentes, mas que no final, tem um só propósito: entretenimento. Se é isso que você está procurando, então pode ter certeza de que vai encontrar.
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Nota: 9,3
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P.S.: Será que só eu achei a atuação de Tom Hanks igual ou quase pior que em Código? E o que fizeram naquele cabelo dele? A classificação do filme como drama foi dada pela rede Severiano Ribeiro, eu não tenho nada a ver com isso. Alguém mais reparou que nos pôsteres do filme a palavra Demônios vem em negrito em comparação à palavra Anjos? Porque será? (Se não percebeu, clique no pôster acima, veja em maior tamanho e compare.) Me.do.