segunda-feira, 13 de abril de 2009

∂єιxє-α єитяαя


Um filme único, romântico, poético, depressivo e comovente. O melhor de tudo? Sobre vampiros!
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DEIXA-A ENTRAR
Diretor: Tomas Alfredson
Distribuidora: Castello Lopes
Ano: 2008
Gênero: Terror/Drama
Oskar tem 12 anos e é um garoto ansioso e frágil, constantemente provocado pelos colegas de classe. Com a chegada de Eli, uma garota séria e pálida da mesma idade, que se muda para a vizinhança com o pai, Oskar ganha uma amiga. Quando a cidade começa a ser assombrada por uma série de assassinatos e desaparecimentos inexplicáveis, o menino, fascinado por histórias horripilantes, não demora a perceber que a amiga é vampira. Os dois acabam se apaixonando e a vampira lhe dá a coragem para lutar contra seus agressores.
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COMENTÁRIOS
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Filmes sobre vampiros sempre atraíram minha atenção. De Vampiros de John Carpenter, passando por Drácula 2000 e Entrevista com o Vampiro até Crepúsculo, posso afirmar com certeza absoluta que nenhum outro filme sobre esse tema é tão tocante, belo e sensível quanto Deixa-a Entrar. Aqueles que estão acostumados com filmes de Hollywood, - totalmente desprovidos de emoção e nos quais há galões de sangue esguichando pelas paredes - não precisam nem continuar a ler este post. Deixa-a Entrar é um filme que precisa, antes de tudo, que o espectador queira entender, gostar e deixar-se levar pela história.
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A fotografia do filme é melancólica e perfeita para a história que se quer contar. Em alguns momentos, a paisagem cheia de neve e quase incolor nos transmite a sensação de pesar que toma conta da vida dos dois protagonistas, enquanto que em outros momentos de paisagens exuberantes, ela parece preencher o vazio que existe entre eles.
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A trilha sonora - quase inexistente - é um dos poucos defeitos do filme. Há sempre aquela sensação de que algo está para acontecer e, quando acontece, a trilha incidental não favorece muito as cenas. Talvez seja um artifício usado para aumentar ainda mais a nossa agonia.
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Sentimentalmente, Deixa-a Entrar é um filme muitíssimo pesado. Ele nos retrata a adolescência de Oskar, um garoto amargurado, reprimido pelo pai e violentado por colegas de escola. Do outro lado, além de adolescente, Eli é uma vampira - já não bastava ser um dos dois? - de muitos e incertos anos condenada a viver eternamente no corpo de uma garotinha. No filme, os dois lutam por aquilo que desejam e descobrem, com o passar do tempo, que precisam cada vez mais um do outro. Oskar deseja se vingar de seus agressores e Eli é a fortaleza que o ensina a ser bravo. Eli precisa de alguém que cuide dela e a ensine novamente a ver a beleza nos sentimentos que ela não pode sentir há muito tempo. É uma relação de dependência inteiramente pura e sensível, pelo menos por parte do garoto. Eli sabe, contudo, que não pode ficar perto de Oskar, pois isso põe em risco sua humanidade e, em um dos momentos mais belos do filme, abdica de seu amor para não condená-lo à vida eterna. Outra cena memorável e repleta de agonia é aquela em que descobrimos o que acontece a um vampiro caso ele entre numa casa sem ser convidado. A cena é forte e perturbadora, a ponto de vermos o desespero nos olhinhos de Oskar, que não sabe o que fazer para consertar a situação. Logo depois, temos um dos momentos mais românticos do filme.
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Falando em romance, está aí um dos três problemas do filme. Deixe-a Entrar é uma história tão carregada de sentimentos que não conseguimos encontrar um gênero certo para o filme, ficando em um meio termo entre o romance, o terror e o drama. Eu fico com o drama, se bem que em algumas partes o filme chega realmente a dar medo. Não aquele medo de sustos, claro, mas aquele medo de um perigo iminente e que nenhum personagem, por melhor que seja, está a salvo. O segundo problema são os cortes rápidos das cenas, em alguns momentos, chegando até a cortar as expectativas que criamos para o momento. Por fim, o que mais me aborreceu foi o excesso de independência dos personagens e o dinheiro ilimitado para fazerem o que derem na telha apesar de serem apenas adolescentes. Tudo bem que o final do filme é lindo, mas nada justifica tanta liberdade para que Oskar faça o que fez. No fim das contas, os pais de Deixa-a Entrar, que deveriam ser um empecilho para o relacionamento entre Eli e Oskar, são nada mais que meros figurantes que apenas entram para justificar tamanha depressão do garoto.
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Apesar desses três erros, o filme não perde sua glória. A mensagem que se tem ao final do filme é que muitos de nós têm vidas vazias até que alguém entre em nosso mundo e o transforma, nos fazendo ouvir, ver e sentir tudo aquilo que não podíamos simplesmente por não termos ninguém por quem valesse a pena viver. No amor, é preciso amar para ser amado. E é essa relação de dependência entre as duas partes que Oskar e Eli tentam nos fazer compreender.
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Nota: 8,7
P.S.: Raíssa, obrigado pelo download! \o/

σ αℓвєяgυє

“Mais do mesmo”. É até desperdício de tempo tentar arranjar alguma palavra para descrever o filme senão esse velho (e verdadeiro) clichê.
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O ALBERGUE
Diretor: Eli Roth
Produtor: Chris Briggs/Eli Roth/Mike Fleiss
Distribuidora: Sony Pictures Releasing/Lions Gate Films
Ano: 2005
Gênero: Terror
Dois mochileiros partem para uma cidade desconhecida do continente Europeu, onde, supostamente, há um albergue que é um verdadeiro nirvana.
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COMENTÁRIOS
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Nos últimos anos, milhares de filmes que deveriam ter o propósito de assustar foram lançados, mas pouquíssimos cumpriram sua missão. O Albergue faz parte de um grupo diferente de filmes de terror: aquele filme que de tão ruim, mas tão ruim, faz você se perguntar quando ele irá acabar para que você possa se ver livre da tortura a qual foi submetido. É realmente um terror assistir Albergue.
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Filme de terror que não tem história geralmente se sustenta em quatro coisas: Sustos bobos, nudez, sexo e sangue. E é justamente isso que O Albergue tem demais. Talvez nem tanto do primeiro fator, tal qual é a incompetência do diretor em produzir a mínima tensão no público. Segundo notas de produção, mais de 150 galões de sangue foram usados durante as filmagens. Além disso, todo o filme foi escrito, produzido, rodado e lançado nos cinemas em apenas 12 meses. Sexo e nudez são os outros dois fatores que nem precisam ser citados aqui, ou precisam?
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A inconsistência do filme é tanta que a partir de certo momento de sua projeção é impossível saber em que lugar a história se passa. Segundo o Google, o local de tanta tortura contra os indefesos americanos seria a Islândia. As atuações são imaturas e a única que condiz é a de Rick Hoffman. A fotografia – único aspecto técnico que se salva – é porca e claustrofóbica, justamente como deve ser em um filme de terror, destaque para a cena final no banheiro. Os efeitos especiais são básicos e não inovam em nada, sendo até risíveis em algumas partes – leia: olho sendo cortado fora. O filme começa somente aos 40 minutos, sendo todo o anterior dispensável. Quando digo isso, não quero dizer que o filme já deveria começar com a matança, mas sim que deveria ao menos preparar o suspense para nos deixar intrigados. Ao final do filme, você tem a certeza de que só os 15 minutos finais foram realmente empolgantes.
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É como fazer um bolo. O Albergue poderia ter sido um bom filme caso outra pessoa houve participado de seu preparo, caso os ingredientes tivessem o mínimo de qualidade e, ao final, não tivesse sido retirado do forno tão cedo. Assistir a esses 95 minutos é como comer um bolo solado: enche, mas não agrada. Qualquer pessoa com uma boa porção de tempo livre, muito sadismo, incoerência e um papel e lápis à mão, consegue escrever um filme assim. Por fim, como malis mala succedunt, uma seqüência para Albergue já foi confirmada. Alguém, por favor, salve o fiasco no qual o gênero terror se tornou.
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Nota: 4

domingo, 12 de abril de 2009

єиѕαισ ѕσвяє α cєgυєιяα


“Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento [...]. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso.” – José Saramargo sobre o livro.

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
Diretor: Fernando Meirelles
Produtor: Andrea Ribeiro/Niv Fichman/Sonoko Sakai
Distribuidora: Fox Filmes
Ano: 2008
Gênero: Drama

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Adaptação do premiado livro escrito por José Saramago, mostra uma inexplicável epidemia chamada de "cegueira branca", já que as pessoas atingidas apenas passam a ver uma superfície leitosa, a doença surge inicialmente em um homem no trânsito e, pouco a pouco, se espalha pelo país. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo estado começam a falhar as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Nesta situação a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico (Julianne Moore), que juntamente com um grupo de internos tenta encontrar a humanidade perdida.
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COMENTÁRIOS
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Com a sinopse acima, é bem difícil comentar qualquer coisa sem estragar nenhuma parte do filme. Comecemos, então, pela parte técnica.
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Filmado quase 80% em um manicômio abandonado, Ensaio é um filme que sabe utilizar muito bem os reflexos, planos abertos, filmagens por trás de grades e barras e câmeras jogadas e penduradas em qualquer lugar. Todos esses fatores levam ao espectador um clima de apreensão, desleixo e angústia, conseguindo, assim, provocá-lo ao extremo.
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A fotografia é praticamente incolor, aproximando-se do tom de branco constantemente. A trilha incidental é escassa, mas extremamente coerente com todos os momentos em que está presente. A filmagem, com poucos momentos de exceção da câmera que narra a história, não é considerada muito importante e pega quadros que qualquer outro diretor de cinema abominaria. Rostos e outras partes do corpo dos personagens são cortadas pela metade e em vários momentos a imagem é desfocada propositalmente. O cenário é imundo e sombrio. Ao fim, tudo contribui para angustiar o espectador e, no caso dos mais fracos, até mesmo chocar. As atuações estão excelentes, com exceção de Mark Ruffalo, que parece esperar seu personagem ficar cego para poder interpretá-lo coerentemente. Com certeza, a atuação de Julianne Moore foi a melhor de sua carreira; nos fez rir (em pouquíssimos momentos), vibrar e, principalmente, nos fez sentir sua dor em todas as cenas em que está presente.
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Sobre os personagens. Nem todos são desenvolvidos por completo, mas até o ponto suficiente para que nos importemos com o destino de cada um. Um fato curioso (e cruel) é o de personagem algum ter nome, sendo todos reconhecidos apenas por suas profissões ou ligação sentimental, sugerindo-nos que, no momento em que aqueles indivíduos perderam a visão, perderam também sua identidade.
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O espectador é tratado como um voyeur e representado pela Mulher do Médico. Constantemente, cenas de violência, perturbação e pressão são expostas às nossas vistas com o intuito de nos provocar. Tem-se aí o exemplo da nudez, muito bem utilizado, onde é impossível que nós, mesmo sabendo que tudo aquilo é ficção, observemos a intimidade de um personagem sem sentir o mínimo de constrangimento.
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A visão ali é uma metáfora para tudo aquilo que nos torna humanos e, conseqüentemente, maus: o pré-julgamento, a insensibilidade, a indiferença e a falsidade. É justamente quando os personagens – que, na verdade, representam todos nós – perdem a visão que começam a ver como são (se preferir: como somos) de verdade: sujos, cruéis, egoístas e animalescos, mas que, precisando conviver e aceitar nossa relação de dependência para com os outros, controlamos nossos impulsos e nos abrimos a possibilidades como o amor e tolerância. É no estado (no caso, de cegueira) em que somos todos realmente iguais que podemos nos encontrar inteira e interiormente, para aí, corrigirmo-nos e tornarmo-nos seres políticos. Tudo isso pode ser resumido à frase de Saramargo: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
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Cada mínimo segundo do filme é essencial para o entendimento da história. Cada cena é especialmente significativa. Ensaio é o filme que deixa a garganta apertada, que nos faz segurar o choro como uma criança envergonhada, que nos provoca, nos humilha sem medo de nossa reação, nos testa, e que não tem medo de mostrar o quanto nós, humanos, somos cruéis e repulsivos. Ensaio é o filme mais angustiante, deprimente, claustrofóbico e corajoso ao qual já assisti, sem, contudo, esquecer o que o torna tão assustador: o fato de, bem lá no fundo, ser real.
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“Metade de nós é feita de indiferença e a outra metade, ruindade.” – José Saramargo.
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Nota: 10

ѕιмρℓє ρℓαи: σ ѕнσω


Precisei de um tempo para escrever essa resenha. Como fã (quase) incondicional de Simple Plan, se escrevesse qualquer coisa a respeito do show em menos de uma semana, com os ânimos ainda em polvorosa, só saberia elogiar, afinal, foi o melhor presente de aniversário que poderia sonhar em ganhar. Mas, se bem avaliado, o show teve defeitos. Poucos, mas teve.

Eu e meus amigos chegamos praticamente três horas antes do início do show, com medo – eles nem tanto – de não pegarmos a grade. Na fila, pudemos ouvir a passagem de som. Simplesmente agonizante, minha vontade de entrar logo pelo portão subia a cada segundo, enquanto meus amigos aguardavam com uma paciência que eu não fui capaz de entender. Comprei uma bandana de lembrança. A fila aos poucos foi começando a se aproximar do portão. Vez ou outra, ia com minha amiga Enoe dar uma olhada no final da fila. Simplesmente não acreditei na quantidade de gente que estava ali. Poucos minutos antes do portão se abrir e, pela minha (incerta) contagem, não havia nem 3 mil pessoas ali.
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Ao nos aproximarmos do portão, podíamos ver por alguns vãos das paredes alguns fãs indo em direção ao camarim, conhecer o Pierre, Chuck, David, Jeff e Seb. Minha vontade foi de derrubar a parede e começar a gritar pra que me levassem também, mas me contive e tentei desviar o olhar para não passar mais vontade. Chegou nossa vez de entrar! Íamos entrando de pouco em pouco, não só pela lerdeza dos carinhas que conferiam os ingressos, mas pelo número limitado deles. Disseram que a censura do show seria de 16 anos, mas em momento algum vi alguém conferindo a idade dos adolescentes enlouquecidos da fila.
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Meus amigos passaram na minha frente e minha vez chegou! Como comprei meu ingresso pouco depois de anunciarem o show – tudo medo de não ir – ele era diferente: parecia um cheque com uma parte destacável, enquanto que o de meus amigos parecia um cupom fiscal. Novamente me veio o temor de não entrar por meu ingresso ser diferente, mas o carinha destacou e me indicou o caminho tranquilamente, para meu alivio. Agora, NADA podia me tirar dali. Ah, só mais uma etapa para chegar à pista: A revista. Um segurança revistou cada um de nós, sem cara feia, má-vontade, taradice, nem nada. No final das contas, foi até bom que o processo de entrada demorasse um pouco. Pelo menos não teve correria, tumulto, esmagamento, como há em muitos shows por aí.
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Eu falei que não houve correria, certo? Mas não de minha parte. Após ser liberado, caminhei “apressadamente” até a grade, tão sonhada grade. Mesmo minutos antes do show de abertura começar, o local ficou quase deserto, enchendo aos poucos. Se fosse em Brasília daria muito mais gente, pensei. Se fosse em Brasília, provavelmente não poderia ir. Fiquei feliz por ter sido aqui mesmo.
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O show de abertura começou. Nesse exato momento, começaram os defeitos da noite. Uma tal banda chamada Mr. Clown “invadiu” o palco achando que animaria o público. Animou, mas poucos de nós. Sem absolutamente nenhuma presença de palco, o vocalista da “banda” começou a cantar alguma coisa que não consegui identificar. Houve distorções no som, horríveis e torturantes momentos de microfonia, pulos em momentos inoportunos e guitarristas se achando a reencarnação do Jimi Hendrix, além das guitarras com meio metro de corda para fora, o que me fez rir bastante.
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Ainda com o som abafado, o vocalista – que nem vou me dar ao trabalho de pesquisar o nome – começou a falar conosco. Oops, erro meu: conosco não; com o pessoal da área VIP. Com a já citada mínima presença de palco, vocalista, guitarrista e baixista fizeram todo o show somente para a área VIP, ignorando toda a pista. Antes de sair, eles apresentaram um cover de The All-American Rejects, que até me animou um pouquinho, tirando alguns momentos em que ele errou a letra e repetiu duas vezes a mesma frase – deve ter esquecido a seguinte.
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Não sei quem escolheu aquela banda para abrir o show do meu quinteto preferido, mas com certeza não foi a escolha certa. O que Mr. Clown fez aquela noite, foi uma verdadeira palhaçada – Desculpem o trocadilho. Finalmente eles foram embora, dando lugar ao motivo de eu estar ali aquela noite: Simple Plan. Yeah! That’s what I’m talking about!
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A imagem está na minha mente até hoje: Pierre Bouvier, David Desro-alguma-coisa-impronunciável, Sebestian Lefebvre, Jeff Stinco e Chuck Comeau (*.*), exatamente nessa ordem, desceram as escadas do camarim e entraram no palco. David, Seb e Jeff foram atrás das guitarras e baixo enquanto Pierre nos saudou brevemente com um “Oi, Goiânia!”. Com a setlist decorada, esperei os trombones de Generation, mas eles não vieram. Ao invés disso, Chuck começou com a bateria explosivamente. Quem se importa? Eles podiam tudo aquele momento.
Tudo mundo gritando “Ooh, ooh!” no começo de Generation. Aliás, já repararam como esse novo CD é cheio de “Ooh”? Enfim, Pierre cantou, pulou, sorriu, veio até a pista e apontou para alguns de nós (não para mim, mas mais tarde chegaria a minha vez). Jeff se exibiu para nós na guitarra, assim como Seb, que chegou bem pertinho de nós. Seb, muito simpático, até mandou beijinhos para as enlouquecidas fãs. Jeff, pelo menos perto de nós, só tocou sem uma palavra ou gesto, mas ainda gosto dele. David demorou a vir para nosso lado, nas primeiras músicas ficou voltado mais para a área VIP, sorrindo e jogando palhetas. Uma hora ele teria de vir até aqui, pensei.
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Apesar de cantar, gritar, pular feito um louco, consegui deixar algumas lágrimas caírem. A banda que eu escuto desde 2002 e pela qual me apaixonei desde então, estava ali na minha frente. Deve ser um sonho, eu devo estar sonhando, não pode estar sendo tão perfeito, eu pensei. E olha que nem havia começado direito.
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Generation acabou e começaram com Take My Hand. Eu me espremi para ver o Chuck lá no fundo, subi na grade, empurrei uma bêbada do meu lado até conseguir vê-lo. É a música em que ele é mais exigido como baterista. Cara, eu vi o Chuck (E se alguém falar que ele é o boneco assassino eu mato)! Em que momento da minha vida, imaginei estar tão perto assim dele? Ele estava ali, assim como eu. Meu maior ídolo, depois de Amy Lee.
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Deixei o Chuck de lado e voltei minha atenção para o palco. David sentou num baú posicionado de frente para a pista e começou a tocar o baixo ali, de pernas cruzadas. É inegável: Ele tem estilo. Após alguns momentos, Pierre se aproximou. Muito, mas muito próximo da beirada do palco. Ele pegou nas mãos de alguns (condizendo com Take My Hand) e eu estendi a minha, mesmo sabendo que era impossível, completamente EMOcionado. Ele estendeu a mão e apontou para minha amiga Jordana, louca, alucinada do meu lado e, ao olhar para mim, me viu com algumas lágrimas escorrendo. Falem o que quiserem, mas, sim: Eu estava chorando. Sapoksapoksa’ Ele me viu e fez uma cara impagável, algo aproximado do típico ^^ de MSN.
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Ele nos deixou e voltou para o meio do palco. Entrou Shut Up e eu cantei a música a gritos, é a minha música de revolta. Saiu Shut Up e entrou Jump, eu pulei feito louco, sem deixar de cantar em nenhum momento. Veio o segundo problema da noite: Os seguranças do show perceberam que nós estávamos empurrando a grade para frente, tamanha a nossa empolgação. Eles se juntaram e começaram a empurrar a grande para trás violentamente, machucando alguns de nós. Após isso, decidiram montar guarda na nossa frente. Um deles, muito tarado e ridículo por sinal, resolveu segurar a grade numa região próxima a uma parte bem, digamos, inoportuna de uma amiga minha. Nós tentamos falar com ele, mas ele simplesmente ignorou. Não teve problema, eu defendi ela, colocando meu braço entre ela e a mão do “segurança”.
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Começou When I’m Gone e os mais fãs choraram, não entendi o porquê, nunca fui muito fã dessa música, é a mais pop do álbum. Contudo, Pierre transformou aquela música quase ridícula em alguma coisa contagiante e eu, que achei que não gostava da música, passei a cantar junto. Era óbvio que em When I’m “Gooooone-ooone-oooone” ele apontaria o microfone para o público e pediria para nós cantarmos juntos. Não precisou pedir duas vezes.
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Eu estava esperando Addicted ansiosamente e ela veio em seguida, não sei por que, mas não teve toda a intensidade que eu gostaria que tivesse. Contudo, não deixei de cantar e pude perceber que a maior parte de quem estava cantando essa música vinha da pista, enquanto alguns da área VIP simplesmente sorriam, provavelmente a primeira vez escutando a música.
Começou The End e minha amiga Ana Clara me cutucou, é a música que ela mais gosta. Foi boa, principalmente pelo fato de o David ter vindo até a pista e cumprimentado alguns de nós, eu inclusive! Ele me viu e sorriu para mim e, novamente, a Jordana foi beneficiada com um apontamento de dedo e olhada, eu acho.
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Me Against The World, minha outra música de revolta, minha música tema, resumo da minha vida. “Eles amam me ver para baixo, acham que sabem de tudo: Sou um pesadelo, um desastre, é o que tudo mundo diz. Sou uma causa perdida, não sou um herói, mas vou fazer do meu próprio jeito.” Caramba. Não me contive. E muita gente do meu lado também não.
Your Love Is A Lie começou. Outra pop, que nunca dei muita atenção, contudo boa interpretação de Pierre e boa presença de palco de Jeff, Seb e David. Foi uma das músicas que mais teve participação da galera, foi legal. Aproveitei para ver o Chuck, lá atrás, essa música também é legal para ele tocar.
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David veio até nós e perguntou se era hora de dizer adeus, trocadilho para a próxima música. Eu gritei desesperadamente “No! No! No!”, mas alguns idiotas da VIP não entenderam e simplesmente começaram a sorrir e gritar “Yes!”. Que vontade de matar alguns ali... Time To Say Goodbye não estava na setlist, contudo, Pierre percebeu que nós não entendemos a brincadeira de David e resolveu cantar Time To Say Goodbye. Com uma dancinha muito esquisita – mas engraçada – no refrão, além de dar um tapa na bunda do David, Pierre animou geral.
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Em seguida veio a melosa Save You - cujo vídeo você confere acima -, música que Pierre compôs para o irmão, que estava com câncer. Eu me despedacei, simplesmente a música mais linda da banda. Foi a única que não consegui cantar, engolia lágrimas toda hora. Estendi a mão e me deixei levar pela melodia. Pra lá do meio da música, me recuperei, mas Pierre se aproximou de novo e o delírio foi geral. “Eu não vou desistir até que chegue o fim, se te levar toda a vida, eu quero que saiba que se você cair, tropeçar, eu te levantarei. Se você perder a fé em você mesmo, eu te darei forças para se recompor. Me diga que você não vai desistir, pois eu vou estar esperando caso você caia; você sabe: eu vou estar ali para você.” Não tem palavras que possam descrever o que foi isso: todo mundo cantando, levantando lenços, muitos chorando, Pierre tentando animar os que choravam... A música pode ter sido a melhor do show, mas Pierre não a cantou no mesmo tom do CD, obviamente por medo de desafinar, é a música que mais exige dele como vocalista, no final das contas, fez um bom trabalho.
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Tivemos uma rápida música sobre Goiânia que eles “improvisaram” ao tomar caipirinha. O Chuck não tomou, coitado... Eles estavam fazendo essa música para todas as cidades, então não me deixei enganar, contudo, na hora em que Pierre deixou escapar um “Aqui é melhor que o Rio” (em inglês, claro.) animei. Em seguida veio Promise, pouquíssima conhecida, mas que eu sabia, claro. E cantei até perder a voz. Tivemos covers de Katy Perry (e olha que a versão do Simple Plan é melhor que a original), Rihanna e Justin Timberlake, voltei a cantar neste último.
Começou Welcome To My Life, a musiquinha dos pôsers. E a galera delirou geral, eu morrendo de raiva. Não deles, mas por alguns ali terem ido para escutarem somente essa música e depois falarem que são fãs. Esperei até o segundo refrão para poder cantar, minha voz voltou. Até que fui uma boa música, sim. Voltamos às raízes com ela.
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I’d Do Anything – do tempo que o Pierre era magro – foi simplesmente o meu sonho, mas assim como Addicted, não teve o impacto que merecia na platéia. Eu nem me importei e cantei mesmo assim. Feliz da vida, minha música de amor mais feliz. “Eu faria qualquer coisa só para te segurar em meus braços, tentar te fazer sorrir, por que, por alguma razão, eu não consigo te colocar no passado.”
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No Love, que também não estava na setlist, foi tocada. A música mais triste e depressiva do novo álbum mexeu com a galera, principalmente por ninguém suspeitar que ela estaria ali. Foi tudo. Começou Untitled e eu nem sabia se estava mais vivo. Foi a coisa mais inexplicável que eu já presenciei e, se não fosse o bastante, em seguida veio Crazy. Ambas acústicas, Pierre segurou muito bem sem os outros integrantes. Veio a animada I’m Just A Kid e eu senti que ela ficou muitíssimo mal encaixada ali no meio das músicas mais comoventes. Para reforçar ainda mais a minha teoria, a perfeita Perfect veio depois, destroçando I’m Just A Kid.
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Perfect foi um show à parte. Caramba. Acredito que todo mundo ali chorou. Era o fim. Que adolescente nunca escutou essa música e quis escrever a letra pros seus pais? Que adolescente nunca escutou essa música e chorou? Que adolescente nunca quis gritar pra todo o mundo ouvir “Eu sinto muito, não posso ser perfeito!”? Pierre segurou a música no violão completamente sozinho até a bridge após o segundo refrão, depois a banda entrou arrebentando tudo. Foi a coisa mais linda que qualquer pessoa pode imaginar: A luz azul, Pierre parado, cantando de olhos fechados, todo mundo, sem UMA exceção, cantando junto e chorando.
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E acabou. Eu sabia que tinha chegado ao fim, mas me recusava a sair dali. Eles distribuíram algumas palhetas e o Chuck jogou quatro baquetas para o povo. Eu estava longe, droga! Cada um deles se despediu um por um. Pierre, David, Seb e Jeff. Chuck foi o último, saiu da bateria e juntou as mãos em Namastê, abaixando a cabeça e sorrindo. Cara, ele ‘tava ali. Chuck, o fodão. Eu comecei a gritar "Chuck! Chuck! Chuck!" com tudo o que minha garganta permitia até que ele percebeu que algum fã enlouquecido gritava por ele e se virou para minha direção, mas não me viu, ele estava do outro lado do palco. Pelo menos ele escutou. Depois, estendeu a mão em adeus e se foi.
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Foi inesquecível. Estava tudo ali: amigos, música, banda e um amor em comum, amor por uma banda que – pelo menos eu – acompanho há 7 anos. Foram 23 músicas, incluindo os covers, que mexeram com cada um de nós de um jeito diferente. Foram quase duas horas de show que nos fizeram gritar, chorar, cantar, sorrir e sentir que tudo aquilo havia valido a pena. Tudo aquilo havia sido Simple Plan.

No começo do post, disse que o show tinha tido seus defeitos. Citei a quantidade mínima de pessoas que compareceram, o péssimo show de abertura e a violência com que os “seguranças” empurravam a grade contra a pista. O show não lotou, então, para que pelo menos o quinteto tivesse a impressão de um salão lotado, deveriam ter tirado a grade da pista, o que fazem com freqüência em outros shows. Contudo, alguém não pensou nisso e nos fez passar vergonha diante de um buraco enorme entre a área VIP (que não tinha lotado nem um 1/5 de sua capacidade) e o camarote. Após o show, os seguranças tentavam esvaziar o local o mais rápido possível, como se nós representássemos algum tipo de risco para o clube. Alguns foram muito mal educados e inclusive usaram a força para convencerem os mais resistentes. Desnecessário. Tudo muito desnecessário.
E como posso, apesar de isso tudo, dizer que o show havia sido perfeito? Simples: Todos os defeitos ocorreram por parte da má divulgação do evento e dos outros aspectos técnicos. Nós, fãs, não estávamos ali para ver a tecnicidade do show, mas sim para curtir Simple Plan. Ao(s) promotor(es), valeu a iniciativa de trazer a banda, mas, da próxima vez, fica a dica para que tenham uma melhor coordenação e divulgação. O quinteto merecia.